Wednesday, June 28, 2006

AND IF FOOTBALL IS ALL PEOPLE TALK ABOUT...

a minha contribuição...

Sim, o jogo pode ter sido duro e bla bla bla mas de cada vez que as câmaras repousavam no banco da equipa Holandesa... eu que nem aprecio músculos... mas... os do Van Basten transbordavam das mangas brancas da camisa....assim tipo empregado de mesa com aspirações de actor... e depois a imagem passava para o banco português e eram bigodes, unhas roidas, braços agitados no ar...
podemos ter suadamente ganho no campo, mas no banco.... ai no banco ganharam eles!!!

BUSY...

anda muito ocupada a minha G. Passa o dia a escrever "Projectos" e pediu 4000 dólares à avó!

ABOUT SUMMER...






"Sabes, mamã, eu tinha razão; o Verão não é um sítio!"

ABOUT...

complicity.

need complicity.

complicity

miss complicity.
complicity
want complicity

Tuesday, June 27, 2006

WHERE THE LAND IS FLAT...

Metinaro é o sítio onde a G. de cada vez que viajamos para Dili, acorda e faz xixi.
E trocamos os CD´s e passamos a ouvir rádio!

A terra lá é plana. Timor fica subitamente comprido.


Agora estão lá muitos muito Timorenses, "homens velhos, katuas" como diz noutro Blog. Apoiam Alkatiri.


Um dia, em conversa com o M. em Bali, um suposto antigo agente duplo, ele disse-me: "criámos uma geração de rebeldes, que nos serviu em guerra, mas que não vai saber viver em tempos de paz."

Gosto de olhar esta foto (from www.timor-online.blogspot.com). De ver aquele mar de gente e só distinguir bandeiras de Timor. De imaginar os katuas a acordar cedo, mastigarem a batata doce cozida, verem o céu fatiado de Baucau e saltarem para a anguna.
E não me interessa quem pagou o combústivel, quem conduz a anguna, de onde vem o arroz.
Gosto de imaginar os katuas a acordar cedo, mastigarem a batata doce, verem o céu fatiado e saltarem para a anguna, por acharem que têm alguma coisa a dizer.
E não interessa se o que têm para dizer está certo.
Mas gosto de pensar que eles acham que chegou a hora de dizerem alguma coisa.

TIMOR LESTE: O GOLPE QUE O MUNDO NÃO PERCEBEU

"No meu filme de 1994, A morte de uma nação (Death of a Nation) há uma cena a bordo de um avião a voar entre o norte da Austrália e a ilha de Timor. Decorre uma festa; dois homens engravatados estão a brindar-se com champanhe. "Isto é um momento histórico único", exulta Gareth Evans, ministro das Relações Exteriores da Austrália, "um momento histórico verdadeiramente único". Ele e o seu homólogo indonésio, Ali Alatas, estavam a celebrar a assinatura do Tratado do Estreito de Timor (Timor Gap Treaty), o qual permitiria à Austrália explorar as reservas de gás e petróleo no fundo do mar de Timor Leste. O prémio supremo, como disse Evans, eram "zilhões" de dólares. O conluio da Austrália, escreveu o Professor Roger Clark, uma autoridade mundial em direito do mar, "é como adquirir material a um ladrão ... o facto é que eles não têm direito histórico, nem legal, nem moral sobre Timor Leste e os seus recursos". Debaixo deles jazia uma pequena nação então a sofrer uma das mais brutais ocupações do século XX. A fome imposta e o assassínio extinguiram um quarto da população: 180 mil pessoas. Proporcionalmente, isto foi uma carnificina maior do que aquela no Cambodja sob Pol Pot. A Comissão da Verdade das Nações Unidas, que examinou mais de 1000 documentos oficiais, relatou em Janeiro que governos ocidentais partilharam responsabilidades pelo genocídio; pela sua parte, a Austrália treinou a Gestapo da Indonésia, conhecida como Kopassus, e seus políticos e jornalistas principais divertiram-se junto com o ditador Suharto, descrito pela CIA como um assassino em massa. Actualmente a Austrália gosta de apresentar-se como um vizinho prestativo e generoso de Timor Leste, depois de a opinião pública ter forçado o governo de John Howard a enviar uma força de manutenção da paz da ONU seis anos atrás. Timor Leste é agora um estado independente, graças à coragem do seu povo e à tenaz resistência dirigida pelo movimento de libertação Fretilin, que em 2001 ganhou o poder político nas primeiras eleições democráticas. Nas eleições regionais do ano passado, 80 por cento dos votos foram para a Fretilin, dirigida pelo primeiro-ministro Mari Alkatiri, um "nacionalista económico" convicto, que se opõe à privatização e à interferência do Banco Mundial. Um muçulmano secular no país sobretudo Católico Romano, ele é, acima de tudo, um anti-imperialista que enfrenta as exigências ameaçadoras do governo Howard por uma partilha injusta das benesses do petróleo e do gás do Estreito de Timor. Em 28 de Abril último uma secção do exército timorense amotinou-se, ostensivamente acerca de pagamentos. Uma testemunha ocular, a repórter de rádio australiana Maryann Keady, revelou que oficiais americanos e australianos estavam envolvidos. Em 7 de Maio Alkatiri descreveu os tumultos como uma tentativa de golpe e disse que "estrangeiros e gente de fora" estavam a tentar dividir o país. Um documento escapado da Australian Defence Force revelou que o "primeiro objectivo" da Austrália em Timor Leste é "ganhar acesso" para os militares australianos de modo a que possam exercer "influência sobre os decisores de Timor Leste". Um "neo-con" bushista não teria dito melhor. A oportunidade para "influenciar" surgiu em 31 de Maio, quando o governo Howard aceitou um "convite" do presidente de Timor Leste, Xanana Gusmão, e do ministro das Relações Exteriores, José Ramos Horta – que se opõem ao nacionalismo de Alkatiri – para enviar tropas para Dili, a capital. Isto foi acompanhado por reportagens tipo "nossos rapazes vão salvar" na imprensa australiana, juntamente com uma campanha de difamação contra Alkatiri como um "ditador corrupto". Paul Kelly, antigo editor-chefe do Australian de Rupert Murdoch, escreveu: "Isto é uma intervenção altamente política ... a Austrália está a operar como uma potência regional ou um hegemonista político que modela a segurança e o porvir político". Tradução: a Austrália, tal como o seu mentor em Washington, tem um direito divino a mudar o governo de um outro país. Don Watson, redactor dos discursos dos antigo primeiro-ministro Paul Keating, o mais notório apologista de Suharto, incrivelmente escreveu: "A vida sob uma ocupação assassina pode ser melhor do que a vida num estado fracassado..." Ao chegar com uma força de 2000 homens, um brigadeiro australiano voou de helicóptero directamente para o quartel general do líder rebelde, major Alfredo Reinado — não para prendê-lo pela tentativa de derrubar um primeiro-ministro democraticamente eleito, mas para cumprimentá-lo calorosamente. Tal como outros rebeldes, Reinado foi treinado em Canberra. Dizem que John Howard ficou agradado com o título de "vice-xerife" do Pacífico Sul, atribuído por George W. Bush. Recentemente ele enviou tropas para reprimir uma rebelião nas Ilhas Salomão, e oportunidades imperiais acenam em Papua Nova Guiné, Vanuatu e outras pequenas nações insulares. O xerife aprovará. "

por John Pilger em http://www.johnpilger.com/page.asp?partid=402
tradução em http://resistir.info/pilger/pilger_22jun06.html

Monday, June 26, 2006

E RESPONDERÁ ISTO À TUA PERGUNTA, EVA?

DEMITIU-SE!

e agora, a ver vamos como diz o ceguinho;
porque tudo passa mesmo a uva-passa
e tudo muda, mesmo a surda-muda...
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO, DECLARAÇÃO - Tendo reflectido com profundidade necessária sobre a situação vivida no país;Considerando que acima de todos os interesses, estão os interesses da nossa nação;Assumindo a minha parte das responsabilidades pela crise por que mergulhou o pais;Recusando-me terminantemente contribuir para o aprofundamento da crise;Reconhecendo que todo o povo merece viver um clima de paz e tranquilidade;Esperando de todos os militantes e simpatizantes da FRETILIN toda a compreensão e apoio;Declaro:Pronto a resignar-me do meu cargo de Primeiro-Ministro e do Governo da RDTL para evitar eventual resignação do Presidente da RepúblicaPronto a manter com Sua Excia o Senhor Presidente da República diálogos no sentido de contribuir, se necessário, para a formação do governo interinoPronto em contribuir na apresentação do orçamento de Estado no Parlamento nacional.Mais declaro que passo a assumir as minhas funções de deputado no Parlamento Nacional até ao fim do meu mandato.Dili, 26 de Junho de 2006Marí AlkartiriPrimeiro Ministro

Saturday, June 24, 2006

...ABOUT SAINTS AND GIRLS AND BOYS AND MONSTERS

Ontem lembrei-me de ti PL, enquanto passeava na Feira de S.João - porque pode-se tirar a miúda da província e passeá-la pelo mundo, mas nunca se tirará a província de dentro dela, essa é que é essa!.
Lembrei-me de ti porque me apercebi de que hoje será noite de S.João e as mouras encantadas vão-se libertar por umas horas, pentear os cabelos longos sentadas na beira das fontes e tentar seduzir um jovem católico. E a sedução aqui não é levá-lo para a cama,entenda-se, é assim uma coisa mais modesta; beijar-lhe a testa e sugar-lhe os santos unguentos deixados pela cerimónia do baptismo. E depois segue-se a libertação do encantamento e elas poderão voltar para casa. O que em si, seria também complexo, quer dizer, as miúdas iriam fazer face a uma série de problemas de ajustamento. Mas isso agora não interessa o que interessa é que ontem me lembrei de ti PL, porque era noite de S.João e me lembrei de coisas mágicas.
Lembrei-me de um livro que dividimos. De que divimos a leitura. Era Irlandês e falava numas meninas que na noite do S.João delas, se colocavam em frente ao espelho e trincavam uma maçã e podiam ver a cara do homem que iriam amar. E uma delas viu um monstro. Lembras-te?Era assim? É assim que o recordo.
Tenho a vaga ideia de que nos terá ocorrido reproduzir a cena. Assim como nos ocorreu reproduzir imensas outras coisas; o Clube dos 7 por exemplo, que se reuniu uma vez na tua cave (como estava lindo o Artur nesse dia! E foi-me buscar a casa!E eu quase que não fui porque a minha mãe obrigou-me a vestir uma camisola de gola alta que picava no pescoço e eu não queria, mas depois lá vi o Artur tão lindo na rua à minha espera e cerrei os dentes e enfiei-a pela cabeça tentando não me mexer muito. Mas lá se soltaram umas lágrimas.Vi-o ontem, ao Artur, lá na feira, com mulher e filhos. Está gordo! Mas quando se sentou na mesa lá do outro lado da rua, também a comer farturas, descobri-lhe um gesto de menino de quando passava as pernas compridas por baixo da mesa na sala da 3ªclasse.Não me deu saudade.Mas o livro com a história do espelho, sim!).

Eu acho que a Enid Blyton nos tramou infância. Mãe nenhuma nos deixava ir passear com um cão e 4 amigos para um farol num ilha abandonada, nenhuma de nós tinha despensa onde se guardassem empadas, e para ser honesta eu julgo que a Zé deveria ter sido institucionalizada e dada para adopção porque assim como assim os pais não lhe ligavam nenhuma e aquela desculpa de ser cientista não pega. A miuda poderia ter tido um projecto de vida articulado, sido beijada e acarinhada e por certa deixaria crescer o cabelo e ficaria mais lady like e poderia discutir sobre coisas femininas com a Ann. Estou certa de que a nova familia a deixaria manter o Tim e o contacto com os primos. Enfim! Da Enid ficou-nos o gosto pelas sandochas de bacon com alface e tomate à semelhança das da governanta...
Tenho saudades tuas, sabes?
E pergunto-me: se tivessemos encenado a cena do espelho, teria sido eu a ver o monstro?

Thursday, June 22, 2006

"...E VEM-NOS À MEMÓRIA UMA FRASE BATIDA..."

Quando o sol se põe em Baucau o céu tinge-se de vermelho.
Não é só de um vermelho são mil e um tons de vermelho que não se sobrepõem. Fica um céu fatiado de forma a permitir-nos dar nome a cada tom que apresenta.
E quando o sol nasce em Baucau aparecem esses mesmos tons mas com a ordem inversa e muito muito mais claros.
E eu podia vê-los deitada na minha cama na primeira casa em que ficámos.
E gostava.

O nascer e pôr do sol sempre foi uma coisa que me irritou profundamente. Sempre detestei os sons do dia a nascer; os pássaros, o odôr do orvalho. Lembravam-me o tempo em que me levantava de madrugada para tentar decorar a tabela periódica... Sem sucesso... (para benefício da saúde mental dos Portugueses, porque assim se perdeu uma Psicóloga...).

Nunca fotografei esses vermelhos. Essas fotos assemelham-se aqueles postais com sombras recortadas de casais e frase profundas a negro. Ou branco.
Mas agora aqui, no outro lado do mundo, a 3 dias de distância - incluindo uma noite num qualquer hotel fantástico em Bali - tenho saudades desse vermelhão, e do cheiro a fresco da madrugada e da mikrolete a gritar dilililili, e do café seboso do pequeno almoço, e dos miúdos em uniforme a caminho da escola com as camisas de um branco triste amarelado, e das meninas com as saias iguais mas em tamanhos diferentes - sendo a maioria puxada até ás maminhas logo que saiem de casa e cobertas com a camisa para parecerem mini-saias, como fazem todas as meninas em plena puberdade em toda e qualquer parte do mundo.

E agora quero dormir e não consigo. E conto a diferença horária e infantilmente recordo-me do ultimatum dado nos anos 90 ao Iraque. E de como eu e o S. marcámos o despertador para as 5 (ou seriam 6) para ouvir a rádio e da surpresa inconfessada dos dois quando no segundo depois nada aconteceu.

Pergunto-me se o céu hoje terá acordado da mesma côr.
Se a madrugada terá tido o mesmo cheiro.
Porque todo o resto, será hoje, potencialmente diferente.

PORQUE QUER A AUSTRÁLIA UMA MUDANÇA DE REGIME EM TIMOR

"Se alguém acreditasse na versão oficial, a entrada das tropas da Austrália em Timor Leste dever-se-ia aos mais nobre motivos. Estão ali simplesmente para restaurar a paz e a estabilidade após o colapso da autoridade do governo. Mas esta ficção política foi desmascarada pelos acontecimentos dos últimos dias, pela luta pelo poder que iniciou a crise e que a trouxe à superfície. A intervenção do governo de Howard nada tem a ver com a protecção dos interesses do povo de Timor Oriental. O objectivo é produzir uma "mudança de regime" substituindo o governo do primeiro-ministro Mari Alkatiri por uma administração mais em consonância com os interesses australianos. Há uma máxima em política exterior que diz que não existem aliados nem alianças permanentes, só interesses permanentes. É o caso de Timor Oriental, onde uma das principais preocupações do governo australiano, apoiado pelo Partido Trabalhista da oposição, foi assegurar que outros poderes não tivessem possibilidade de usar sua influência no que se refere explicitamente ao "pátio traseiro da Austrália". Em 1999 o governo de Howard enviou tropas para liderar a intervenção militar da ONU a fim de assegurar que a Austrália – mais do que o primeiro poder colonial, Portugal – exercesse a maior autoridade no Timor Oriental pós-independência e estivesse na melhor posição para explorar as valiosas reservas de gás e petróleo. Sete anos depois as motivações essenciais são as mesmas. O conflito subjacente com Portugal foi aberto em 9 de Junho quando o primeiro-ministro John Howard assegurou numa entrevista que a crise de Timor Oriental devia-se a uma "pobre governabilidade". Era um ataque claro ao governo de Alkatiri. A declaração foi respondida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português, Diogo Freitas do Amaral, que definiu as afirmações de Howar como "uma interferência nos assuntos internos" de Timor Oriental. "Não estamos de acordo com esta classe de declarações por parte de países estrangeiros", acrescentou. Mas Howard não foi dissuadido. De facto, decidiu dizer mais quando teve a oportunidade seguinte. Numa aparição no programa matutino do domingo da televisão ABC, "Insiders", Howard foi perguntado "quão mau" havia sido o governo de Timor Oriental e sobre a responsabilidade de Alkatiri. Howard disse que não queria entrar "em comentários pormenorizados sobre os políticos do país", mas foi exactamente o que fez. Era óbvio, dizia Howard, que o país não fora bem governo nos últimos anos. Além disso disse que não pensava retractar-se dos comentários feitos dois dias antes. Perguntado sobre se os planos a longo prazo da Austrália seriam semelhantes àqueles levados a cabo nas Ilhas Salomão, onde oficiais australianos haviam tomado conta do Ministério das Finanças, assim como da gestão da polícia e das prisões, Howard foi mais além: "Bem, não descarto nada, mas não quero declarar nada sobre o que vai suceder ou sobre o deveria suceder sem antes discutir o assunto com os timorenses orientais", disse. "Quero dizer, encontramo-nos diante de um caminho complexo a percorrer. Por um lado, queremos ajudar, somos o poder regional que está em posição de fazê-lo. É nossa responsabilidade ajudar, mas quero respeitar a independência dos timorenses. Contudo, por outro lado, devem desempenhar essa independência ou as responsabilidades dessa independência com mais eficácia do que o fizeram nos últimos anos". O "caminho complexo" refere-se às actividades dos rivais da Austrália na região, como indicavam os comentários do ministro dos Negócios Estrangeiros português. Até o momento, o governo australiano esteve em condições de contestar estas pressões graças ao apoio dos Estados Unidos. Do mesmo modo como a administração Clintou apoiou a intervenção de 1999, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, deixou claro que o seu país apoia plenamente a última deslocação de tropas. Numa conversação telefónica com o ministro das Relações Exteriores australiano, Alexander Downer, Rice disse ter-lhe perguntado: "O que quer que façamos?". O foco imediato da mudança de regime é a reunião do Conselho de Estado, de carácter consultivo, que se celebra agora em Dili. Esta entidade, convocada pelo presidente Xanana Gusmão, tem a capacidade de demitir o governo de Alkatiri e nomear um suposto governo de unidade nacional até as próximas eleições que devem ser celebradas em Maio. Após uma reunião de 9 horas celebrada ontem [dia 10], o Conselho não chegou a tomar uma decisão e as negociações continuam hoje. Enquanto isso, não havendo decisão oficial, o ministro das Relações Exteriores de Timor Oriental, José Ramos Horta, deixou claro que, no que a ele e a Xanana Gusmão se refere, Alkatiri deve renunciar. Em declarações à televisão ABC, Ramos Horta disse: "O que agora é necessário é uma solução da actual crise política que implica, obviamente, primeiro o primeiro-ministro no sentido que muita gente quer, o da sua renúncia". Quando perguntado da sua situação, Ramos Horta recusa comentar, explicando que está envolto em negociações com ambas as partes. A campanha em Timor Oriental para expulsar Alkatiri, o líder do partido preponderando (Fretilin) decorre há algum tempo. A situação explodiu após a decisão de Alkatiri de converter em opcional a educação religiosa, ao invés de obrigatória. Este movimento elementar de separação igreja-estado provocou denúncias virulentas da igreja católica. Celebraram-se manifestações com proclamações de expulsão de Alkatiri e o final do "seu governo extremista". Numa nota pastoral publicada em Abril de 2005 a hierarquia eclesiástica de Dili dizia que o gabinete continha "marxistas" que punham a democracia em perigo. Além disso dizia-se que o governo seguia políticas baseadas no "modelo chinês" e no "terceiro mundo retrógrado". Segundo uma reportagem do Asia Times, o embaixador dos Estados Unidos em Timor Oriental apoiava abertamente a igreja nos seus protestos de rua contra o governo no ano passado, chegando inclusive a comparecer pessoalmente a uma delas. Em Janeiro último um líder da Fretilin membro do parlamento nacional, Francisco Branco, denunciou que um conhecido sacerdote empreendeu uma campanha para derrubar o governo. Segundo Branco, o sacerdote havia explicado aos paroquianos que a decisão de enviar estudantes a Cuba converteria Timor num país comunista e que a Fretilin havia planeado matar padres e freiras se ganhasse as eleições seguintes. Uma vez iniciada a intervenção militar, os media australianos, seguindo o governo Howard, aumentaram as denúncias contra o governo de Alkatiri. Num comentário publicado sábado passado, o editor australiano Greg Sheridan qualificou Alkatiri como um "desastroso primeiro-ministro, liderando a 'chamada camarilha de ideólogos de Moçambique', em referência ao longo período de exílio de Alkatiri em outra colónia portuguesa durante a ocupação indonésia de Timor Oriental. "A catastrófica decisão de converter o português em língua nacional de Timor Oriental ilustra perfeitamente o dogmatismo e o grau de irrealidade do pensamento de Alkatiri. É uma decisão que priva de direitos civis os jovens timorenses que falam tetun, indonésio ou inglês. Entrincheira a camarilha de velhos e dogmáticos marxistas-leninistas da Fretilin e exacerba as divisões no seio da sociedade de Timor Oriental. Além de não ajudar em nada a que os jovens de Timor Oriental ganhem a vida". Alkatiri e os seus partidários não são marxistas nem comunistas. Nem tão pouco o governo de Howard e seus porta-vozes dos media estão interessados nas políticas do governo para o povo de Timor Oriental. A oposição australiana a Alkatiri baseia-se em que Alkatiri e sua facção procuram apoios de outras potências mais relevantes, principalmente Portugal e, cada vez mais, durante o último período, a China, como contrapeso ao imperialismo australiano. Após quatro anos de intransigência de Howar e Downer, o governo de Dili foi obrigado no ano passado a adiar o acordo sobre fronteiras marítimas entre os dois países por 50 ou 60 anos. Segundo o direito internacional de fronteiras que a Austrália recusa-se a reconhecer, Timor Oriental tem direitos sobre a maioria dos recursos de gás e petróleo. Contudo, Canberra teve êxito na hora de conseguir que Dili cessasse suas reclamações de soberania sobre as áreas chave de recursos do mar de Timor durante duas gerações. É o tempo suficiente para que se esgotem as principais fontes de gás e petróleo. Se Alkatiri fosse considerado um aliado da Austrália em Timor Oriental, e não como um obstáculo, a atitude do governo Howard, e consequentemente os comentários dos mass media, teriam sido muito diferentes. Para começar, os chamados soldados dissidentes, cuja rebelião acendeu a mecha da crise, não seriam retratados como vítimas de uma injustiça. Ao invés disso, a decisão de despedi-los depois de terem ido à greve teria sido aprovada. Os comandantes do exército australiano ao invés de manter contactos com os "rebeldes" te-los-iam denunciado por organizar um motim, tomando as leis nas suas mãos e criando condições para o terrorismo. Contudo, a campanha para expulsar o governo de Alkatiri ajusta-se perfeitamente aos interesses australianos. Estes interesses centram-se em assegurar a posição australiana numa região onde crescem grandes conflitos de poder. Como destacava ontem um comentário da Australian Financial Review, a rivalidade emergente entre o Japão e a China está a estender-se pelo Pacífico, colocando um "desafio real a um governo que afirma sempre manter magníficas relações com Tóquio e com Pequim". Depois de assinalar questões económicas de longo prazo que sempre motivaram a política exterior australiana na região, o comentário prosseguia: "É útil recordar que em 1920 os planificadores estratégicos da Austrália estavam preocupados porque o Japão tentava lançar suas redes nos supostos recursos petrolíferos do Timor português, e em 1975 abrigava-se o medo de que a China manipulasse os independentistas timorenses de esquerda a fim de obter vantagem territorial". Agora que é clara a existência de recursos em gás e petróleo, a rivalidade entre o Japão e a China pela energia apresenta desafios crescentes à Austrália, acrescentava o comentário. Uma das maneiras de satisfazer estes repto é assegurar que se estabeleça um regime "fiável" em Dili. Este é um factor subjacente importante na luta pelo poder que se desenvolve na capital de Timor Oriental. "
Nick Beams em http://resistir.info no dia 10 de Junho

Wednesday, June 21, 2006

THE TAPE

Quantas vezes se pode recomeçar uma vida?
comprar pratos panelas tarecos esteiras cadeiras de plástico janelas "basculantes", televisor pequeno galinhas patos um porco uma cabra o oleado azul...
não sei o que se passa em dili, não consigo ver as notícias. desde que sei do paradeiro das pessoas de quem gosto, afastei-me do televisor.Mas hoje, e porque tenho que me decidir em relação a uma data de regresso, forcei-me a ler os blogs, porque não confio nos meios de comunicação oficiais, e deu-me uma vontade enorme de correr até lá e dizer "Oh pá alkatiri, aguenta-te, meu!"
A campanha Australiana de desacreditação do Primeiro Ministro de tão óbvia chega a ser patetica. Mas é perigosa.
E a mulher de lábios finos e cabelos louros de quem as Timorenses nunca gostaram e de quem se riam discretamente de cada vez que se sabia das infidelidades do marido, e que dá entrevistas dizendo "Nós"...
As infantilidades das posições de Xanana...
A facilidade com que comete os maiores erros apresentando posteriormente um discurso de mea culpa com que se autopurifica...
O apoio ridiculo tácito ou não dos media internacionais em relação à preservação da sua imagem...
A rapidez com que toma uma decisão a torna pública e rapidamente a substitui por uma outra que a contradiz...
Num país sem um cêntimo de dívida externa... com acesso a milhões em petróleo, e com um presidente despreparado, manipulável, que aceitou uma presidência sem perceber as suas limitações, que não percebe os conceitos básicos de uma democracia parlamentar, mas que se passeia, imponente beijando velhos e crianças em campos improvisados estrategicamente com as câmaras atrás, pedindo-lhes que voltem, que regressem, ás casas destruidas, ás lojas queimadas, aos bairros onde os vizinhos têm medo dos vizinhos... fazendo hipocritamente o papel do pacificador...
Bolas, isto tira-me o sono...

EXTRA!

Ontem andei todo o dia de saltos altos!
Acho que já sou uma Senhora...
Se eu conseguisse terminar os livros da Margarida Rebelo (Pinto?) ...

Monday, June 19, 2006

TO WHOM IT MAY CONCERN...(III)

Sim, vamos voltar. As conversações, diga-se "ao mais alto nível", tidas durante a semana passada em Londres, fizeram-nos decidir pelo regresso.
Ficaremos em Baucau durante 3 ou 4 meses, e depois mudamo-nos para dili onde a G. terá acesso a uma escola internacional.
De qualquer forma, pensamos que enquanto os australianos e a GNR estiverem à chapada no território as pessoas estarão demasiado ocupadas e entretidas para se lembrarem de lutar entre si...
Alem disso sentimos uma necessidade imperiosa de participar neste programa de recolha de armas; temos lá em casa duas facas de manteiga e um canivete suiço que urge devolver...

ON THE WAY BACK...

Alfa Pendular 19.04 direcção Braga carruagem 5 lugar 55. Ao meu lado repousa o joelho de um individuo que conversa com o casal sentado atrás. A voz eleva-se quando diz - "Eu como encenador..." e segundos depois repete "Eu como encenador.." e eu juro que o vi rodar a cabeça tipo a verificar se alguém estava a olhar, seja ceguinha! Falam de processos de selecção de cantores de ópera e eu, entediada, levanto a orelhita fascinada com um tema absoluta e totalmente novo para mim. à minha frente no lado direito uma mãe quase chique com uma Madalena com uns 18 meses uma Maria com 1 mês e uma sogra que preferia não estar ali.
à minha frente no lado esquerdo dois casais na casa dos 60 e muitos, com mãos grossas e maltratadas pelo trabalho no campo, testas crestadas pelo sol, eles de boina elas de "fato-de-ver-a-Deus".Resolvem jogar ás cartas.
A Madalena grita e bate ritmicamente na janela do comboio. A mãe quase chique faz-lhe olhares furiosos iguais àqueles que se lançam aos maridos quando se tem visitas e eles começam a discutir politica. Sussurra-lhe insultos. A sogra olha para o lado.
O encenador repete: "eu como encenador" e continua o discurso. A madalena tenta tirar a fralda que cobre a cabeça da Maria. A mãe quase chique faz-lhe olhares furiosos iguais aqueles que se lançam aos maridos quando se tem visitas e ele insiste no tema politica e se serve do 3º whisky. O jogo de cartas inflama-se e a esposa 1 grita à esposa 2 " Oh Lena olhá manilha? então a manilha?".e provoca-a, insulta-a. O casal 2 mantém-se em silêncio.Esposo 1 sorri.

Mais ou menos enfadados com as posições do encenador em relação aos critérios de selecção para cantores de ópera o casal contra-ataca. Parece que o esforço de interpretar uma área é semelhante ao de um carpinteiro que trabalhe um dia completo.A Madalena bate ritmicamente na cadeirinha da Maria. A mãe quase chique sussurra-lhe violentamente da mesma forma como se grita aos maridos quando as visitas já se foram a garrafa do 15 anos está praticamente vazia e ele subitamente se sente romântico."Madalena não tenho paciência nenhuma para te aturar.Há uma hora e meia que te armas em parva". A sogra subitamente enfia a cabeça na carteira fingindo-se ocupada. a mãe quase chique sorri-lhe doce e polidamente e diz-lhe qualquer coisa revirando os olhos.A Madalena quer a xuxa da Maria. Guincha e bate ritmicamente na mesa metálica. O sorriso na mãe quase chique apaga-se vira-se e grito/sussurra "Tá quieta, pá! Madalena, pá táquieta tou fartinha fartinha" revira os olhos e regressa simpática e polida à conversa com a sogra.`A minha frente no lado esquerdo a esposa 1 continua a dominar"Quem deu? Foi você quem deu?. Inicia-se o segundo jogo.

..."Num quero" diz a Lena em jeito de libertação."Num quero jogar. Tou-me a chatear por causa do jogo". As esposas deixam-se de falar. A esposa 1 fala com a Madalena que continua, em rosa, bem vestida,a guinchar ritmicamente."Linda! Tenho lá uma igual a ti" Sentindo-se o centro de atenção, a Madalena cala-se e sorri. A esposa 1 continua "queres quêste homem te leve com ele lá pra casa?" e a criança olha para o homem de boina com a barba grossa que lhe cresceu desde a manhã e grita em desespero e a Lena berra "Fala-se assim prá criança!? Num sabes falar cum ninguém cum raio" e os insultos continuam e a certa altura ouve-se "...nem viste a manilha" e os homens continuam a jogar batendo as cartas com força no tampo metálico transferindo a luta das respectivas para o jogo até que vitorioso o marido da Lena se vira e diz "Dei-lhe a manilha.Dei-lhe uma para lhe comer a outra. Dei-lhe a de paus para lhe comer a d'ouros". Vingada, a Lena sorri e recosta-se e entrega-se ao sono. A outra olha com desdém pela janela fingindo que não ouviu. Atrás a conversa é interrompida pelo telefone. "Eu como encenador" regressa ao lugar. Cansada a mãe quase chique deita a Maria na cadeirinha e pega na Madalena.Ela aninha-se no colo, põe-lhe a mãozinha no pescoço e fecha os olhos como os crescidos fazem para prolongar uma sensação de prazer. E a carruagem mergulha na calma. E chega-se a Coimbra e eu saio apressadamente daquele reino de disfuncionalidade.
Aperto contra mim o Noddy de pijama que comprei em Londres e corro praticamente com alguma dignidade ao encontro da minha G.
Bolas! Ainda não chegou...

Sunday, June 11, 2006

AVALON (2)

nunca tive muitas certezas acerca do que quer que seja.
dei sempre lugar à duvida - por vezes deixei-a tomar um lugar que não deveria ter, mas isso deixava-me tranquila; criava-me a ilusão de ser madura, ou responsável ou de de facto pensar nas coisas.
Com o tempo transformei-a num exercício mais ou menos Cartesiano, mas depois veio outro tempo e tentei anulá-la tomando decisões baseada nos sentidos e chamei-lhe outra coisa qualquer.
o nunca ter tido muitas certezas acerca do que quer que seja fez-me parecer muitas vezes tonta, pouco determinada. E o facto de procurar a opinião dos outros agravava o quadro.
O facto é que não me incomoda dizer "Pois não tinha pensado nisso...". é que não me incomoda mesmo nada.

Mas à medida que se cresce, parece que ter dúvidas e reconhecer erros se torna uma lamentavel falta de caracter.

Lembro-me de uma publicidade a um relógio que mostrava um atleta em posição de partida numa prova de atletismo e o slogan dizia apenas: "Ele tem um minuto para vencer ou a vida inteira para esquecer que falhou".
E isso aterrorizou-me, porque não é de todo mentira.
Num livro qualquer havia uma personagem que perguntava sobre a diferença entre ser um cobarde e um heroi, e a resposta era "Timing".
E isso aterrorizou-me também, porque é de todo verdade.

Amanhã parto para Londres. Ir a Londres é uma coisa que me deveria deixar entusiasmada; significa entrar nas lojas - em qualquer loja! - e encontrar roupa interior para o meu número em padrões para menores de 50 anos. E isso é reconfortante...
Mas desta vez a coisa não me alegra, porque para além de ter uma agenda preenchidissima que me força a ter um comportamento típico de uma pessoa responsável e inteligente durante 5 dias inteirinhos - o que não é fácil (um par de horas vá que não vá, num jantar ou pequena reunião posso até, num dia inspirado, passar por brilhante - desde que me retire atempadamente). Mas 5 dias inteirinhos no meio da aristocracia Britânica...não auguro nada de bom...

É que para além disso, será lá que terei que comunicar o que tenho andado a pensar ...

Saturday, June 10, 2006

MICROCOSMO


Apoiado pelos Australianos, um dos timorenses da organização parceira, aproveitando o vazio deixado pela morte do Sr.José e a minha ausência, resolve fazer um hostil take over do projecto chamando a si todos os poderes.
Sem consultar ninguém…
Avisada inadvertidamente através de um e-mail desastrado passo à acção e vou telefonando à equipa dizendo: “Não reajam, vão dizendo que sim a tudo, daqui a duas semanas eu trato-lhe da saúde…”
Síndrome da Tuga a fazer de GNR…

Tuesday, June 06, 2006

KINDA GOOD TO BE HOME...

Saturday, June 03, 2006

SENHOR JOSÉ


Todos os dias me ligava para Bali e me pedia para não voltar. E eu brincava: " O sr está-me a inventar uma guerra só para me ficar com o trabalho" Fazia-me análises sérias da situação e cada comentário era como uma premonição. Foi a ele que ouvi pela primeira vez num sussurro de tristeza: "Traidor!"
Quando saí deixei-lhe tudo nas mãos e insisti: "Agora é o chefe. O Sr. é o chefe". e ele olhou-me nos olhos e disse-me "Mas vai voltar. Tem que voltar" . E seguiram-se os telefonemas diários na voz calma e no português inseguro por o querer dizer perfeito.
Ontem caiu no escritório junto à mesa pequena onde cuidava da reabilitação das escolas da diocese de Baucau.
Amanhã vai a enterrar na aldeia que o viu nascer e onde com timidez pediu que fosse incluida a recuperação da escola local. Sonhava poder também equipá-la.

Se lhe olharem para o corpo, não vão ver balas de Dili.
Mas elas estão lá.