Sunday, June 11, 2006

AVALON (2)

nunca tive muitas certezas acerca do que quer que seja.
dei sempre lugar à duvida - por vezes deixei-a tomar um lugar que não deveria ter, mas isso deixava-me tranquila; criava-me a ilusão de ser madura, ou responsável ou de de facto pensar nas coisas.
Com o tempo transformei-a num exercício mais ou menos Cartesiano, mas depois veio outro tempo e tentei anulá-la tomando decisões baseada nos sentidos e chamei-lhe outra coisa qualquer.
o nunca ter tido muitas certezas acerca do que quer que seja fez-me parecer muitas vezes tonta, pouco determinada. E o facto de procurar a opinião dos outros agravava o quadro.
O facto é que não me incomoda dizer "Pois não tinha pensado nisso...". é que não me incomoda mesmo nada.

Mas à medida que se cresce, parece que ter dúvidas e reconhecer erros se torna uma lamentavel falta de caracter.

Lembro-me de uma publicidade a um relógio que mostrava um atleta em posição de partida numa prova de atletismo e o slogan dizia apenas: "Ele tem um minuto para vencer ou a vida inteira para esquecer que falhou".
E isso aterrorizou-me, porque não é de todo mentira.
Num livro qualquer havia uma personagem que perguntava sobre a diferença entre ser um cobarde e um heroi, e a resposta era "Timing".
E isso aterrorizou-me também, porque é de todo verdade.

Amanhã parto para Londres. Ir a Londres é uma coisa que me deveria deixar entusiasmada; significa entrar nas lojas - em qualquer loja! - e encontrar roupa interior para o meu número em padrões para menores de 50 anos. E isso é reconfortante...
Mas desta vez a coisa não me alegra, porque para além de ter uma agenda preenchidissima que me força a ter um comportamento típico de uma pessoa responsável e inteligente durante 5 dias inteirinhos - o que não é fácil (um par de horas vá que não vá, num jantar ou pequena reunião posso até, num dia inspirado, passar por brilhante - desde que me retire atempadamente). Mas 5 dias inteirinhos no meio da aristocracia Britânica...não auguro nada de bom...

É que para além disso, será lá que terei que comunicar o que tenho andado a pensar ...

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

(...)parece que ter dúvidas e reconhecer erros se torna uma lamentavel falta de caracter.

Desculpa, mas [penso que também sabes], não é verdade. Ter dúvidas e reconhecer erros, e assumir as dúvidas e não ter vergonha [ou orgulho em demasia] de assumir que se erra é humano. E quanto mais se cresce, mais se apreende isso mesmo. Todos temos falhas e temos direito a falhar. Assim como todos temos direito a pontos de vista diferentes dos outros.
"Pois não tinha pensado nisso"...não interessa...pensaste de outra forma, mas foi da tua cabeça que saiu a opinião, não precisaste que te "fizessem um desenho".
Errar e aprender com os erros, ter dúvidas e fazer o que está ao nosso alcance para esclarecê-las, faz parte do processo de crescimento. E não importa a idade que já temos! Porque estamos sempre a crescer, interiormente.

Não tenhas medo de falhar por teres feito alguma coisa...mas recusa-te falhar por não teres feito nada.

Beijinhos.

6/16/2006 11:59 am  
Blogger anne said...

Compreendo-te bem, na minha vida sempre houve lugar para a dúvida, e isso nunca foi bem visto. Boa viagem

6/16/2006 5:32 pm  

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