Saturday, September 30, 2006

THE BREAK...THE BREAK IN

Tudo começou quando o Tio Verme enviou uma mensagem por volta das 5 da manhã. Acordo assustada com o bip do telemóvel e reparo numa luz forte que irradia a partir do espaço entre a porta do quarto e o chão. É forte. Não é o candeeiro com a luz de presença, é do tecto. Deixei-a acesa, pensei. E levanto-me para a apagar. Mas ao chegar à porta paro. E olho para a G. que não sei bem porquê decidi que dormiria comigo nesta noite. E reparo no meu saco, com o lap-top, com um envelope com $600, que não sei bem porquê decidi trazer para o quarto. E reparo no prateado da maçaneta da porta que não sei bem porquê decidi trancar ao deitar-me e lembro-me: Eu apaguei a luz. Entrei no meu quarto ás escuras para não incomodar a G…Eu apaguei todas as luzes… E ajoelho-me e espreito por baixo da porta. Um espaço com cerca de 10cm. E pouco ou nada vejo porque há muitas coisas no chão, mas sinto que está lá alguém. Não ouço os passos mas sinto-os. Sinto que está lá alguém.
E tento decidir-me se devo ou não entrar em pânico.
Vou ver?
Se for ver, levo a Gui ou deixo-a no quarto?
Se a levar, levo-a pela mão ou ao colo?
E se ficasse aqui quieta? Com a porta trancada a janela com grades?
E se telefonasse a alguém? Mas a quem? E se quem está do outro lado ouve a minha voz? E se ficasse aqui quieta?
E fico. Vou esperar pela luz do dia. Depois vou ver, mas vou esperar pela luz do dia. E chegam as 6 da manhã o dia começa a clarear e os meus olhos, depois da segunda noite sem dormir devidamente, começam a arder e ficam pesados e eu caio sem querer num sono que também me pareceu pesado e estou a dormir sabendo que estou a dormir e que não deveria estar a dormir e acordo 20 minutos depois com a cabeça a rebentar, uma orelha dormente e a G, ao meu lado a dizer: “Bom dia! Preciso de fazer xixi” Agora não bebé, tens que esperar um bocadinho. “Mas eu preciso” Agora não tens que esperar um bocadinho, e eu tenho uma boa razão. Ainda não te posso dizer qual é, mas tenho uma boa razão. “Eu vou tentar. Não prometo, mas vou tentar” E ficamos quietas, abraçadas. E eu vejo o sol a espreitar entre as cortinas e penso – só mais um bocado. Vou dar tempo a quem lá esteja, só mais um bocadinho. Até que ela diz “Agora já não dá para aguentar mamã.” E eu dou-lhe a mão e abrimos a porta. Na sala há muita coisa espalhada e o colchão foi levantado, a televisão está ligada com o som quase no mínimo, No quarto dela uma beata de cigarro que nem sequer foi pisada, na cozinha os pratos sujos do nosso jantar foram colocados no chão. Em cima da máquina um frasco de caramelo aberto, o saco vazio de uma sanduíche que estava no frigorifico, um tupperware com um restinho de sopa de bróculos caído ao lado, na casa de banho, entre jornais e revistas espalhados, uma maçã meia comida coberta de formigas, marcas de pés descalços, cinza de cigarro, todas as gavetas, embalagens, sacos e saquinhos foram abertos e espalhados. $6 dolares depois e um vestido piroso em tule, ele foi embora, deixando-me a mim a olhar com nojo cada objecto da casa que eu começava a sentir minha e levando com ele, também, o meu sono.

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