Tuesday, September 05, 2006

THIS IS NOT A PIPE

Passo a manhã a tentar explicar o conceito de critério de selecção e a sua transposição para uma matriz a 5 pessoas que frequentaram um sistema de ensino que lhes não permitiu desenvolver qualquer tipo de pensamento abstracto. O G. que coordena um programa na área das ciências financiado pela UNESCO, e a quem eu pensei pedir que passasse no escritório para lhes explicar como inserir na matriz critérios com pesos diferentes, fala-me na experiência que teve no dia anterior. Ao brincar com o microscópio numa sala com professores de biologia e química, tenta provar que tudo pode ser utilizado para observação mesmo quando não existem lamelas sofisticadas enviadas por doadores “descontextualizados”. E pega numa casca de cebola e coloca-a sob o microscópio e convida-os a olhar. Um dos directores chega no momento e espantado com a agitação pergunta o que se passa. É-lhe explicado. Ele olha. E re-olha, E sai da sala. Passado algum tempo regressa com uma pilha de livros e declara triunfante: “Isso não é uma casca de cebola”. “Sim, é . Olhe.” E coloca-lha na mão.”Já vi todas as imagens de todos estes livros e em nenhum deles há uma casca de cebola. Isso não é uma casca de cebola.” E o facto de a sentir na mão, de a esmagar entre os dedos, de confirmar a cor com os olhos, o odor com o nariz, não a tornava mais real… porque não estava nos livros…

Há tempos, no âmbito da avaliação do projecto em que trabalhava no PNUD, fui assistir a uma das sessões de capacitação interministerial para Directores. A conselheira muito segura de si, termina a sessão dizendo com um sotaque forte brasileiro:”porque podemos levar o burro até à água, mas não podemos obrigá-lo a beber”. Ao que um dos directores respondeu: “ A senhora talvez não, mas eu posso. Ai posso, posso”


E eu depois do dia de hoje só digo, olhem, desde que a água seja limpa…

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