REVISITING II
Sentada no HT durante largas horas à espera de um membro do governo para reunião, não passo um segundo de tédio.
Agora que os contratos dos Consultores das Nações Unidas terminaram e parte dos cargos passa a ser administrada ou por outra Agência ou por um dos Ministérios, instaurou-se o desassossego. E os encontros com potenciais pessoas chave desenrolam-se a um ritmo fantástico. Os cafezinhos pagos, os sorrisos e as gargalhadas durante os curtos diálogos.
O número de consultores será reduzido e ninguém quer ficar de fora. O problema do trabalho para a ONU reside no facto de os salários serem elevados. Eu sei. Já beneficiei deles durante 3 anos. Abdiquei por não suportar o sistema. Ás vezes arrependo-me mas na maioria das vezes penso que foi de facto um ataque de pura sanidade e ética. Mas recordo-me do assédio de que era “vitima” durante os períodos de renegociação, simplesmente porque estava ligada ao recrutamento.
E hoje sentada aqui a beber o meu latte, com a G. a contar pacotes de açúcar de marca SIS e a espalhar migalhas de pastel de nata por toda a parte, divirto-me a reconhecer o toque de desespero nos olhos de quem não quer perder o conforto de viajar em business, de ter férias pagas de dois em dois meses, conduzir um carro com UN em letras grandes na porta, ter combustível gratuito, passear-se com o ID ao pescoço e passar 75% do tempo útil de trabalho à procura de vaga numa nova missão…
Mas hoje, que se me avariou a máquina fotográfica, que duas teclas do telefone bloquearam não me dando acesso à minha lista telefónica, que descobri uma promoção fantástica de viagens para a Austrália, que decidi não passar o Natal em Portugal porque o preço é um absurdo, confesso que durante uns segundos, uns breves segundos, pronto, assim uns 3 ou 4 segundos foi-se-me a ética e o brio e deu-me uma vontade enorme de voltar áquela má vida de prostituta do desenvolvimento, e ir ali a Colmera comprar uma máquina fotográfica nova e um NOKIA preto muito lindo que vi no outro dia, e virar à direita e parar na Harvey e comprar dois bilhetes na Singapura Airlines, porque na Cathay perdem-nos as malas…
Agora que os contratos dos Consultores das Nações Unidas terminaram e parte dos cargos passa a ser administrada ou por outra Agência ou por um dos Ministérios, instaurou-se o desassossego. E os encontros com potenciais pessoas chave desenrolam-se a um ritmo fantástico. Os cafezinhos pagos, os sorrisos e as gargalhadas durante os curtos diálogos.
O número de consultores será reduzido e ninguém quer ficar de fora. O problema do trabalho para a ONU reside no facto de os salários serem elevados. Eu sei. Já beneficiei deles durante 3 anos. Abdiquei por não suportar o sistema. Ás vezes arrependo-me mas na maioria das vezes penso que foi de facto um ataque de pura sanidade e ética. Mas recordo-me do assédio de que era “vitima” durante os períodos de renegociação, simplesmente porque estava ligada ao recrutamento.
E hoje sentada aqui a beber o meu latte, com a G. a contar pacotes de açúcar de marca SIS e a espalhar migalhas de pastel de nata por toda a parte, divirto-me a reconhecer o toque de desespero nos olhos de quem não quer perder o conforto de viajar em business, de ter férias pagas de dois em dois meses, conduzir um carro com UN em letras grandes na porta, ter combustível gratuito, passear-se com o ID ao pescoço e passar 75% do tempo útil de trabalho à procura de vaga numa nova missão…
Mas hoje, que se me avariou a máquina fotográfica, que duas teclas do telefone bloquearam não me dando acesso à minha lista telefónica, que descobri uma promoção fantástica de viagens para a Austrália, que decidi não passar o Natal em Portugal porque o preço é um absurdo, confesso que durante uns segundos, uns breves segundos, pronto, assim uns 3 ou 4 segundos foi-se-me a ética e o brio e deu-me uma vontade enorme de voltar áquela má vida de prostituta do desenvolvimento, e ir ali a Colmera comprar uma máquina fotográfica nova e um NOKIA preto muito lindo que vi no outro dia, e virar à direita e parar na Harvey e comprar dois bilhetes na Singapura Airlines, porque na Cathay perdem-nos as malas…
Por uns segundos... 3 ou 4 segundos...
1 Comments:
realmente é preciso ter-se convicções fortes, para resistir a este mundo de vendilhões e não nos sentirmos parvas e ridículas. mas a nossa consciência faz-nos sentir que vale a pena :)
já aqui não vinha há uma semana e tal, e devorei as novidades todas!
tudo de bom para ti e a Gui.
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