"CANTA A PRIMAVERA PÁ, CÁ ESTOU CARENTE, MANDA UM CHEIRINHO DE ALECRIM..."

Na tarde da mudança, segundo a minha equipa, estraguei cartolina da bonita, ao distribui-la aos meninos para fazerem desenhos. E gostei de vê-los deitados no chão com os lápis de cor todos a desenhar a mesma coisa e todos aborrecidos por não terem régua.
Lembrei-me de que em criança quando tínhamos que partilhar material de desenho, corríamos sempre para apanhar o amarelo. Porque todos os desenhos tinham um sol.
Mas os meninos da varanda do meu escritório, desenharam todos árvores, não usaram cores, excepto o preto e escreveram o nome em letras bem grandes no centro do papel.
Coberta de pó e terra dos pés à cabeça, descalça e de cabelos espetados a Gui levantou-se como se eu fosse a professora e entregou-me a cartolina dela. E lá no cimo estava um sol grande e amarelo.
Ás vezes pergunto-me se algum dia esta criança me perdoará tê-la tornado tão tão Portuguesa.
E sabe a Grândola!!!!! E diz que tem camaradas! Num país onde o maior insulto é chamar comunista a alguém. Então apercebi-me que por aqui ninguém se lembrou que era Abril. E passou o dia 25 assim como se fosse um dia qualquer. …
"Já murcharam tua festa, pá
mas, certamente esqueceram uma semente nalgum canto de jardim"
3 Comments:
Isso da "Dália" era a brincar, não era?
Isto que vou escrever é muito estúpido, mas tenho por vezes a impressão que está tudo a começar em Timor, até o nascer do sol. Apeteceu-me mais do que uma vez fazer as malas e partir para uma terra assim, onde pudesse desenhar, uma vez que fosse, o (re)nascer do sol. Eu sei que isto é estúpido, mas sabe tão bem escrevê-lo. Enquanto escrevemos, todas as sementes são possíveis.
Um abraço abrileiro e alenteiro desta desconhecida.
Agora tocaste (uma vez mais!) no ponto, Alexandra! Chico Buarque... Abril português... e as crianças, as crianças sempre! Como tu as vês, como tu lhes ensinas o que é ser criança. Portuguesas ou timorenses são crianças em qualquer parte do mundo. E tu dás-lhes um pouco mais de infância na medida do teu possível.
Abraço grande*
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