E QUANDO O DIA CAI...
Passamos os finais de dia na praia. Ela com o fato de banho cor-de- rosa (que não larga desde que o encontrou numa caixa com coisas que deixámos há um ano atrás em Dili e que finalmente nos foram devolvidas. Descobriu que o usava em bebé e agora não veste outra coisa). Eu, com as roupas do escritório porque não há tempo para ir a casa trocar. E aceleramos para a praia descendo a montanha em curvas e recurvas e acenando a todas as pessoas por quem passamos.
De vez em quando damos boleias. Temos preferência por freiras e velhas. E vamo-las deixando pelo caminho e quando finalmente chegamos à aldeia, corremos para a água. Ela em rosa, eu de calças arregaçadas. E depois sentamo-nos na areia rodeadas pela equipa de futebol local que treina descalça correndo de uma ponta à outra do areal e voltando para trás e repetindo, porque a praia é pequena mas a dedicação é enorme!
Subitamente chega outro jogador e junta-se ao grupo correndo no sentido oposto. E veio-me à memória aquela cena do “Expresso da meia-noite” numa prisão da Turquia. E ele passa por nós e sorri. O cabelo apanhado no alto da cabeça num repuxo, cortado curtinho por baixo. Um look de craque em potência. E eu reconheço-o de qualquer lado e retribuo o sorriso e olho para o mar e vejo um barquinho pequeno a lançar a rede. E olho para o mar e não consigo perceber onde o céu começa porque o tom é o mesmo e a calma é igual. E olho para o lado e vejo a luta da G. para fazer o jantar de bolinhos de areia e vem-me esta calma enorme.
E depois entramos no carro. Ela embrulhada na toalha eu de calças ainda arregaçadas molhadas até à cintura. E passamos pela aldeia e acenamos ás pessoas e damos boleia a velhas e freiras e acenamos a toda a gente. E aceleramos para casa subindo a montanha em curvas e recurvas. E entretanto ela dorme; com o rostinho moreno salpicado de areia, ainda de rosa, e chegamos…
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