CICLOS...
Há qualquer coisa de assustador em saber onde vou estar nos próximos 2 anos.
É coisa de adulto.
É a primeira vez que vou para um país e que sei que sim, vale a pena reconstruir a casa de banho porque vou lá estar tempo suficiente para recuperar e usufruir do investimento.
É a primeira vez que vou trabalhar num projecto em que efectivamente há dinheiro para ele funcionar. E que tem datas e planos e metas pré estabelecidas.
(O improviso é uma coisa divertida, mas cansa!)
Hoje sentei-me, na parte da manhã, num café a trabalhar num documento no meu lap top. Aproveitei para responder a uns emails. Carreguei send e então apercebi-me de que, pronto, aqui não se entra num café qualquer assumindo que há wireless. Isto é o Portugal profundo. Eu vivo no Portugal profundo. A verdade é que nos últimos anos aprendi a associar café e lap top com momentos únicos de modernidade; quando saía de onde estava e ía até um país vizinho e tomava subitamente um "banho de civilização". A verdade é que tendo regressado há quase um ano, continuei a desenvolver o mesmo estilo de vida dos ultimos 3; leio os jornais on line, compro quase tudo on line, organizo-me de acordo com a luminosidade, poupo energia. E delicio-me a beber água da torneira. É fantástico beber água directamente da torneira.
Quando se deu a epifânia da wireless no café, esta manhã, olhei lá para fora e reparei no passeio esburacado, na mulher do outro lado da rua a pedir esmola, na decoração de Natal na loja Chinesa (que parece bem porque está na época, mas que daqui a 3 meses continuará a cintilar), no carro que passou a alta velocidade e não respeitou a rotunda e não notei muita diferença. Pronto, aqui não há gente semi-nua a passear com catanas, as palmeiras são baixinhas, faz frio, vão haver eleições... mas permanece um sentimento de carência, de necessidade, de obra por fazer.
Faz 3 anos que não ando de metro, levei a G. a andar de autocarro em Coimbra e ela passou o curto trajecto a perguntar-me onde estava o avião, a ultima vez que entrei na FNAC foi ha cerca de 2 anos e meio.
Perante a perspectiva de me mudar para Bruxelas, entrei em pânico...
Sinto-me confusa nos hipermercados.
Será que tenho medo da "civilização"?
Penso que não, gosto de manter as coisas simples, é só isso!
Mas sinto que não consigo viver sem um contacto periódico com a "modernidade". É um pouco como os irmãos chatos. É fantástico tê-los ao pé nos dois primeiros dias, mas rapidamente se transformam nos adolescentezinhos irritantes que nos levavam à loucura. Mas quando os vemos partir de novo fica a tristeza e começamos a fazer planos para a próxima visita e depois reinicia-se o ciclo!!!
1 Comments:
realmente a tua vida é bastante singular.
ao estar em mudança, de tempos a tempos, as referências tornam-se mais dúbias e nebulosas.
tudo é deveras relativo e subjectivo. por vezes demais, não achas?
bai-bai
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