Friday, January 06, 2006

FROM RUSSIA WITH LOVE

No programa dizia que a Orquestra foi fundada em 1918 em Kolpino, um suburbio proximo de S. Petersburgo. Que existia então com o estatuto de colectividade Nacional mas que devido a problemas económicos terminou a sua existência em 1993. Sob a iniciativa do actual maestro Alexander Afanasyev, o grupo reorganizou-se enquanto "Silver Strings" e apesar de continuar a viver sem apoios financeiros, continua activamente a actuar como "se de uma iniciativa cultural do seu Director se tratasse".

A entrada em palco é marcante - são todos louros, vestidos de preto e muito muito jovens - a media de idades fica-se pelos 23 anos.
Eram quase 10 horas da noite, mas levei a G. comigo. O pior que lhe poderia acontecer seria adormecer ao som de Debussy (a terceira interpretação - não lhe dava mais do que esse tempo).
Começaram com a "Dança dos Palhaços" da Branca de Neve de Tchaikovsky.Depois Grieg ("Chama-se Dança de Anitra, Gui." - "E a Anita, mamã, não aparece?"
Debussy, um pouco inquieta mas nada de fechar os olhos.
Faure ("Acho que tenho sono, mamã" - "Podes fechar os olhos, segura a Rebeca (a boneca) e fecha os olhos." - "Não, ainda não")
A Farandole de Bizet! Os pézinhos sacodem-se, as mãozinhas acompanham o ritmo, a cabeça abana e diz-me - "Acho que são cavalos!" e explode a bater palmas no final.
Uma interpretação extraordinária - no palco e na plateia ao meu lado!!!
E o Maestro agradece, repetidamente com a dignidade e porte de quem está a actuar numa grande sala e não num cine teatro de provincia com um palco decorado com flocos de neve recortados em papel e um frio de cortar a respiração.
Dvorjak - os olhos fecham-se.
Stravinsky, 2 números do "Pássaro de fogo" - a cabeça cai sobre o ombro.... mas mesmo a dormir, as mãozinhas erguem-se no final para bater palmas caindo derrotadas 1 segundo depois...

A Segunda parte teve um cariz mais popular - mudam de roupa e vestem-se com laranjas e amarelos fortes recortados com bordados russos.
E chegam as solistas.
Avelina Agabalaeva. Tão jovem... e uma voz assustadoramente grave e os olhos brilham brilham e as mãos tocam repetidamente no peito e é-se forçado a seguir cada movimento. 3 solos de tirar a respiração. Talvez pelo inesperado.
e depois continuam com Shakhanov e mais 2 números de músicas populares russas e chega Oksana Presnukhina.
Muito loura, muito menina, redondinha - fácil imaginá-la dentro de alguns anos na figura da prima-dona reboluda - e olho para a G. no sono dela, e tenho pena do adiantado da hora, e da pequenina não ter resistido.
Quando Oksana terminou a "Na Muromskoi dorozhke" já a sala se lhe rendia, mas quando passou ao "So vechora, so polunochi", eu que não sou destas coisas, fui atacada pelo Sindrome Bonga (a lágrima no canto do olho) e olhei para o lado e estava a minha pulga de olhos bem abertos subitamente sem sono e visivelmente enlevada.
E olha para mim, com um sorriso lindo e segreda "Mamã, quero fazer xixi".

1 Comments:

Blogger fernando_vilarinho said...

Oi!

essa orquestra tem andado por terras para além Lisboa e arredores a providenciar uma música muito melhor que os 6 candidatos de Lisboa agora nas viagens pela minha terra.
gostei da tua apreciação ao concerto...,

bai-bai

1/06/2006 8:40 pm  

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