Friday, April 28, 2006

BALI!


Sua Excelencia caiu no chao a cantar e bateu com as dentolas.
Depois de subornar dois agentes da republica da indonesia, chegamos em 24h a Bali a um dentista sorridente com ar eficiente.
Dado o estrago, nao a deixei lavar os dentes nao fosse algo de pior acontecer com a esfregadela violenta que ela geralmente lhe impoe.
Resultado: um sermao valente sobre o valor da hihiene dentaria por parte da assistente. e por muito que eu gesticulasse defendendo a minha honra de mae sensivel a estes assuntos, da fama de badalhoca ja nao me livro!!!!

Teremos que regressar dentro de um mes para ver se a coisa ficou bem.
Mas entretanto....

BALI BALI BALI!!!!!

Monday, April 17, 2006

PASCOA FELIZ!

Saturday, April 15, 2006

E QUANDO O DIA CAI...

Passamos os finais de dia na praia. Ela com o fato de banho cor-de- rosa (que não larga desde que o encontrou numa caixa com coisas que deixámos há um ano atrás em Dili e que finalmente nos foram devolvidas. Descobriu que o usava em bebé e agora não veste outra coisa). Eu, com as roupas do escritório porque não há tempo para ir a casa trocar. E aceleramos para a praia descendo a montanha em curvas e recurvas e acenando a todas as pessoas por quem passamos.
De vez em quando damos boleias. Temos preferência por freiras e velhas. E vamo-las deixando pelo caminho e quando finalmente chegamos à aldeia, corremos para a água. Ela em rosa, eu de calças arregaçadas. E depois sentamo-nos na areia rodeadas pela equipa de futebol local que treina descalça correndo de uma ponta à outra do areal e voltando para trás e repetindo, porque a praia é pequena mas a dedicação é enorme!
Subitamente chega outro jogador e junta-se ao grupo correndo no sentido oposto. E veio-me à memória aquela cena do “Expresso da meia-noite” numa prisão da Turquia. E ele passa por nós e sorri. O cabelo apanhado no alto da cabeça num repuxo, cortado curtinho por baixo. Um look de craque em potência. E eu reconheço-o de qualquer lado e retribuo o sorriso e olho para o mar e vejo um barquinho pequeno a lançar a rede. E olho para o mar e não consigo perceber onde o céu começa porque o tom é o mesmo e a calma é igual. E olho para o lado e vejo a luta da G. para fazer o jantar de bolinhos de areia e vem-me esta calma enorme.
E depois entramos no carro. Ela embrulhada na toalha eu de calças ainda arregaçadas molhadas até à cintura. E passamos pela aldeia e acenamos ás pessoas e damos boleia a velhas e freiras e acenamos a toda a gente. E aceleramos para casa subindo a montanha em curvas e recurvas. E entretanto ela dorme; com o rostinho moreno salpicado de areia, ainda de rosa, e chegamos…

Thursday, April 13, 2006

THE HOLE

A vizinha do lado canta para os filhos durante toda a tarde.
São canções sem ritmo numa voz nasalada mas alta. Muito muito alta. E nasalada. Muito nasalada
Canta-lhes em Makasae.
E as canções têm neles o mesmo efeito que em mim. Irritam-nos. Inquietam-nos. Fazem-nos chorar mais alto.

Naquela casa vivem pelo menos 4 crianças. Estranhamente do mesmo tamanho. Como se o leite da mãe só desse para crescer até aquele ponto e depois o processo parasse. O processo parasse aos dois anos.
Há também um bebé. Um bebé que não chora e que está sempre nu. E que vive ao colo.
Os outros quatro usam uma blusinha. Nada mais. Imundos do cimo ao fundo. Herdando a sujidade do dia anterior, da semana anterior, sem que a água a ameace.

A vizinha do lado não trabalha. Não, não é domestica. A vizinha do lado não trabalha. Passa os dias a embalar-se em canções e da casa dela não sai um cheiro de comida, uma peça de roupa a secar, um diálogo em tom normal. Vive sentada na varanda e com a mesma voz nasalada com que entretém os dias a cantar, vai relatando aos vizinhos que não têm ângulo de visão sobre a minha casa, cada gesto que fazemos, interrompendo o tom monótono que só ela impõe ao makasae, com gargalhadas de gozo, fortes, vivas, também elas nasais. E quando o faz, abre uma boca enorme onde aparecem vermelhos e reluzentes uma filada de dentes marcados pela masca. E depois inclina a cabeça e com igual vigor expele um jacto de saliva que tinge o muro em frente sangrando-o.